sábado, 13 de junho de 2009

Cia Amok Teatro




Dirigido pela brasileira Ana Teixeira e pelo francês Stéphane Brodt, o Amok Teatro nasceu no Brasil em 1998.
É do encontro de Etienne Decroux e de Antonin Artaud que a Cia funda a sua teatralidade. É da confrontação de suas teorias e de suas práticas que concentramos as nossas experimentações. Apoiados em diferentes motivações, este dois homens têm em comum: o corpo e a linguagem física como centro do ato teatral, a recusa do teatro comercial e digestivo e a afirmação da cena como um espaço cerimonial.
No que diz respeito às encenações, Stéphane Brodt trouxe para a Cia a metodologia de trabalho de ator desenvolvida por Arianne Mnouchkine no Théatre du Soleil (França), assim como uma forte influência do teatro oriental.
O fato de utilizarmos uma técnica e um método específicos, não nos permite pensar em encenação dissociada do trabalho de formação dos atores. A formação também está ligada ao trabalho sobre si mesmo. Não podemos pensar em vida de companhia sem levar em conta o projeto ético do grupo. A encenação é um campo aberto às experimentações, à pesquisa, ao aperfeiçoamento técnico e a este trabalho sobre si mesmo.
Além de produzir espetáculos, o Amok Teatro também desenvolve uma intensa atividade pedagógica.


Amok: Título de um conto do escritor austríaco Stefan Zweig (1881-1942), a palavra Amok é de origem malásia e significa “uma loucura, uma espécie de raiva, de dor humana... uma crise de monomania mortífera e insensata”.


Espetáculos

Cartas de Rodez


É uma seleção de cartas do ator, poeta e dramaturgo francês Antonin Artaud a seu siquiatra, o doutor Ferdière, durante o período em que esteve internado como louco no manicômio de Rodez, de 1943 a 1946. As cartas são um diálogo desesperado de Artaud com seu médico e, através dele, com toda a sociedade.


O Carrasco

É uma criação do Amok Teatro inspirada no romance homônimo do escritor sueco Pär Lagerkvist. Não se trata de uma adaptação ou de uma transcrição da obra literária para a cena. O romance foi o ponto de partida de um percurso que nos levou a diversos autores até chegarmos a uma peça original inspirada em obras de Pär Lagerkvist, Ingmar Bergman e Jean Genet.
Oscilando de um passado remoto aos tempos atuais, na ambivalência entre o Bem e o Mal, o espetáculo se divide em quatro quadros independentes centrados na presença do Carrasco. Provocado ou exaltado, esse personagem solitário, sobre o qual pesa o sangue dos milênios, é perseguido por seus tormentos. Sua reação é um mergulho na questão central da obra de Lagerkvist: qual o sentido da vida se, quando interrogamos, Deus não responde?


Macbeth

Adaptar e traduzir significa fazer escolhas. Originalmente Macbeth tem cerca de trinta personagens. Para encená-la com sete atores, foi necessário reduzir este número e “revisitar” cenas. Na nossa adaptação, exploramos o texto procurando respeitar a coerência da narração, a evolução dos personagens, o ambiente da peça e a riqueza de sua linguagem.
Conforme a linha de trabalho da companhia, não tivemos como primeira preocupação a “fidelidade ao texto escrito”. Para nós, o texto é uma matéria dinâmica com a qual nos confrontamos, aberto à todas as possibilidades de encenação que um longo processo de trabalho pode trazer. Acreditamos que encenar Shakespeare consiste em, antes de tudo, fazer com que a sua peça viva. Ainda que permanecendo em contato com a experiência do passado, em sala de ensaio, avançamos com a idéia de que, no momento de nos confrontarmos à cena, pensar no autor, analisar suas intenções, a sua época, não nos ajudaria. O texto escrito só pode tomar vida quando se encontra com o ser humano de hoje.


Savina

Este projeto nasceu da vontade de um encontro teatral com o mundo cigano. Um mundo difícil de abordar, marcado por mitos e preconceitos. Procuramos realizar uma viagem poética pele universo da comunidade Rrom, lutando constantemente contra os clichês e o exotismo. O trabalho nos conduziu a Mateo Maximoff, um expoente da cultura romani e um dos raros escritores desta sociedade de tradição oral. Por intermédio de suas histórias, pudemos penetrar na intimidade de seu povo e encontrar o fio condutor de nossa peça. Savina é um drama cigano inspirado no conjunto da obra de Mateo Maximof.
Os ciganos não têm pátria nem fronteira, mas são unidos por uma língua: o romani. Foi com ela, com sua musicalidade e suas nuances, que construímos nossos personagens e nosso espetáculo. Como sempre, em nossas montagens, não tivemos como prioridade uma reconstituição realista e etnográfica. Nossos Rroms, ainda que respeitando suas características fundamentais, pertencem a uma realidade teatral e receberam influencias de ciganos da França, da Índia e do leste europeu.
Esta travessia que fizemos com o povo cigano foi árdua, mas nunca deixou de ser fascinante. Agora é a hora de parar nossas carroças e instalar nossas tendas diante do público. Esperamos poder compartilhar com ele um pouco do fogo que esses nômades acenderam em nós. Conhecer é aceitar a diferença. O teatro tem a vocação de ir ao encontro do outro. É um modo de não deixar que o diálogo e a oralidade se percam.


O Dragão



É uma criação sobre o tema da guerra, a partir de fatos e depoimentos da realidade. A pesquisa inicial nos levou em diversas direções até chegarmos à Jerusalém, no trágico conflito entre israelenses e palestinos. Neste pequeno território, no coração do Oriente Médio, é travada uma guerra que se tornou emblemática de muitas outras.
Foi a partir desta delicada situação que procuramos refletir sobre nossos tempos sombrios. Através do olhar de quatro personagens - dois palestinos e dois israelenses - de suas trágicas histórias e de suas humanidades expostas, abordamos a intimidade da dor infligida pela guerra. Quisemos quebrar a visão distanciada da mídia e da análise dos especialistas, que nos apresentam os fatos, para fazer surgir personagens. Interrogar a realidade, através do que eles vêem e sentem, fazendo ouvir as vozes que pouco escutamos. Uma maneira de experimentar o encontro com o outro que somente o teatro poderia propor. O que está em foco é o homem diante da violência de sua época.

Visite o site: http://www.amokteatro.com.br/

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