sábado, 13 de junho de 2009

Entropia


“Como encontrar a felicidade vivendo no mundo da desordem? No mundo possível. E a palavra é desordem. Ou entropia: a quantidade de desordem presente num sistema. Segundo a física, estamos fadados à desordem. E esse é um caminho sem volta. A quantidade de desordem de um sistema só tende a aumentar. (...) Numa época em que controlar catástrofes parece ser mais importante do que qualquer outra coisa, perder tempo imaginando um mundo perfeito parece um contra-senso. (...) O ideal é inatingível, mas sem ele não vivemos.


A peça fala de preocupações que hoje cercam o planeta, e que já começam a ter repercussão mundial - o assunto está nos cinemas, nos livros e na TV, mas ainda é pouco comum no teatro. Evitando qualquer didatismo, o texto de Rodrigo Nogueira propõe uma ação fragmentada, com idas e vindas no tempo e no espaço, e diálogos repletos de nonsense, imprimindo humor e ritmo ágil ao trabalho dos atores.

Três planos distintos definem a ação de ENTROPIA, que se dá como num jogo:
- no primeiro deles, um grupo de sete pessoas se reúne para criar uma cidade ideal – para isso devem deixar de lado nomes, relações pessoais e memória do antigo mundo, são as regras exigidas;
- no segundo, um grupo de sete pessoas vive num "lugar já criado" e trabalha para manter essa cidade ideal – desta vez são preservados nomes, relações pessoais e memória, pois fazem parte de um cotidiano.

À medida que a ação avança, esses dois planos se confundem dando início a um conflito entre os membros do grupo, que expressam diferentes posições. Devem persistir no sonho da sociedade ideal? Como agir para salvar o que ainda é possível para salvar? E finalmente, num terceiro plano, os atores apresentam algumas cidades imaginárias, que representariam sonhos concretizados. Que são criações, e também são memórias.

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